Nos anos 30 artistas, designers e arquitetos preocupavam-se em realizar obras que demonstrassem as mudanças sociais. O racionalismo nos projetos de John Graz dos anos 30 se caracterizou por um vocabulário geométrico de formas simples, que se harmonizava com elementos decorativos luxuosos feitos com materiais sofisticados e não usuais.
Para John Graz a edificação e a decoração deveriam formar uma só unidade, nenhuma se sobrepondo a outra. A simplicidade de seus projetos possibilitava que os elementos estruturais se mantivessem aparentes.
Para John Graz a casa moderna resultava dos processos de simplificação e despojamento ornamental: qualquer superfície assumia uma identidade particular, por meio de jogos volumétricos, pesquisas de cor e uso de diferentes materiais. Os ambientes criados por ele se destacavam pelo luxo, pela ousadia e pelas composições inéditas. Existia um elevado grau de “pregnância” formal em seus projetos, caracterizado pela clareza com que os elementos compositivos estavam distribuídos e pelo sofisticado tratamento gráfico obtido por meio de linhas, brilhos, texturas e contrastes. Mesmo utilizando elementos opostos, John procurava fornecer equilíbrio visual à composição.
Em muitas de suas criações é possível observar a recriação do espaço cubista, tanto no plano bidimensional (no desenho), quanto no plano tridimensional (na arquitetura e no design). Uma preocupação em fornecer dinamismo às composições abstratas geométricas.
Os anos 40 corresponderam à consolidação de algumas conquistas modernas, devido à viabilidade do mobiliário em termos de produção e disponibilidade de materiais. O design apresentava-se ainda ligado a esquemas europeus, seguindo muitas vezes os estilos da monarquia francesa dos “Luíses”, porém com desenhos mais limpos e despojados, dentro de novas propostas inventivas e inovadoras. Ocorria um interesse pelos materiais brasileiros, dentro de um processo de renovação, para que o mobiliário se adequasse aos padrões de uma arquitetura moderna. Muitas vezes adquirindo uma feição orgânica, numa organização harmônica das partes de um todo, de acordo com a estrutura, material e propósito. Esta multiplicidade de formas e curvas propiciava uma nova concepção de conforto.
John Graz não se preocupava em formalizar conceitos e sim agregá-los a objetos e projetos decorativos. Para ele a inspiração poderia vir de diferentes correntes artísticas, desde que nela fosse depurada a essência das formas e cores.
Nos anos 50 a decoração fugiu à rotina dos gêneros estilísticos. Ocorria uma intensa euforia desenvolvimentista e confiança no futuro que era vivenciada no crescimento urbano, na industrialização, modernização e intercâmbio cultural. Uma visível transformação de hábitos ocorria e se percebia no design, um forte vínculo com a indústria e com a arte concreta, que pregava uma melhor elaboração artística em busca da forma precisa. Na decoração de interiores eram aceitas novas formas, padrões e tendências racionalistas, com ênfase na abstração geométrica. As peças eram distribuídas no espaço seguindo um gosto pessoal, que resultasse na construção de uma nova estrutura de cor e espaço, se opondo ao formalismo tradicional. A base geométrica de um projeto pressupunha a integração absoluta entre todos os elementos, arte, design e arquitetura. Era a profecia de uma total integração da arte na vida cotidiana.
John acompanhou estas modificações, dedicando grande interesse a integração móvel-arquitetura. Preocupava-se com a “bela forma” e com o “belo desenho”, uma vez que, para ele a beleza era uma questão de equilíbrio entre as partes, ou seja, para que o móvel fosse bonito precisava apresentar um correto equilíbrio no espaço, eliminando os elementos supérfluos. Seus projetos modernistas, pautados no racionalismo, apresentavam freqüentemente assimetria, linhas simples e geométricas, economia decorativa e uma íntima integração entre forma e função, privilegiando os materiais, as cores, as formas e as superfícies. Eram plantas livres, elaboradas a partir de estruturas independentes que permitissem a livre distribuição das paredes e circulação das pessoas.