John Graz, designer e seu desígnio

John trabalhava, incessantemente, com as formas em suas diferentes técnicas e processos de execução, dominando a arte do criar e fazer em suas múltiplas formas de expressão.

Multidisciplinar, seu talento e versatilidade se expressavam não apenas na interpretação de estilos, mas também em seu processo de trabalho, tão marcantes no legado de seu acervo.

Sua vasta cultura e conhecimento histórico de outros estilos de difícil acesso e compreensão à época o tornaram um profissional requisitado pela elite brasileira; porém, ao mesmo tempo, foi pouco conhecido do grande público da então cultura provinciana existente naquele período.

Apresentava uma habilidade estilística para elaborar projetos que tinham como referência culturas diversas sem, contudo, copiá-las diretamente, fazendo o que hoje denominamos de releitura – a integração de diferentes universos culturais distintos ao nosso. Um sincretismo cosmopolita!

Nosso mundo globalizado e eletronicamente integrado nos tem trazido cada vez mais uma compreensão distinta acerca do tempo e do espaço e, desta forma, o “ecletismo” multifacetado, atemporal e simultâneo tem se tornado cada vez mais presente e vivenciado, assim como McLuhan previa em sua Aldeia Global.

Outro aspecto que demonstra esta sua característica polivalente são algumas de suas técnicas de trabalho. Soluções estéticas múltiplas em um mesmo desenho; formas de apresentação bidimensionais que adquirem, num “passe de mágica”, a terceira dimensão, facilitando sua compreensão espacial para leigos.

Eclético, habilidoso, versátil e contemporâneo, seu talento e cultura o situavam à frente de seu tempo, por seu caráter cosmopolita e desprovido de preconceitos.

Uma percepção helvética seduzida pelo tropicalismo anterior aos 60.

Guinter Parschalk